Principais erros tributários cometidos por clínicas e consultórios: Como evitar autuações fiscais?

O cumprimento das obrigações tributárias é um desafio constante para clínicas e consultórios no Brasil. Erros nessa área podem resultar em multas pesadas e autuações fiscais. Neste artigo, vamos abordar os principais erros tributários cometidos por profissionais da saúde e como um acompanhamento especializado pode prevenir problemas com o Fisco.

1. Falta de classificação correta de atividades (CNAE)

A escolha errada do Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) pode gerar enquadramentos fiscais inadequados, levando ao pagamento incorreto de tributos. Muitos profissionais da saúde não se atentam à especificidade das suas atividades, utilizando CNAEs genéricos que não correspondem ao que realmente executam.

Exemplos práticos:

Um dentista que realiza apenas atendimentos pode ter um CNAE diferente daquele que vende produtos odontológicos, por exemplo.

Clínicas que oferecem tratamentos estéticos e de saúde devem separar as atividades de modo correto para não sofrerem autuações.

2. Inadequação no regime de tributação

Escolher o regime tributário inadequado é um erro comum. Profissionais da saúde muitas vezes optam pelo Simples Nacional sem avaliar se realmente essa é a opção mais vantajosa. Em 2024, as regras do Simples Nacional passaram por mudanças importantes, incluindo novas faixas de faturamento e alterações nas alíquotas.

O que verificar:

Lucro Presumido: Pode ser mais vantajoso para clínicas de grande porte, considerando deduções específicas.

Simples Nacional: Ideal para pequenos consultórios, mas deve ser avaliado anualmente com base no faturamento e nas despesas.

3. Despesas dedutíveis mal apuradas

A dedução de despesas relacionadas à atividade profissional é um direito dos contribuintes, mas muitos profissionais da saúde cometem erros ao declarar esses gastos. Despesas pessoais são muitas vezes misturadas com as empresariais, o que leva a glosas (exclusão de despesas) por parte da Receita Federal.

Dica: mantenha uma contabilidade organizada, separando claramente as despesas profissionais das pessoais.

Despesas permitidas: aluguel do consultório, compra de equipamentos médicos, e treinamentos profissionais.

4. Falta de emissão de notas fiscais

A ausência de emissão de notas fiscais é um dos erros mais graves e recorrentes. Mesmo que o serviço seja prestado a particulares, a emissão de nota fiscal é obrigatória. O não cumprimento desta obrigação pode gerar autuações significativas e até mesmo caracterizar sonegação fiscal.

Atenção!

A Receita Federal e as secretarias estaduais têm investido em cruzamento de dados, facilitando a identificação de quem não emite notas fiscais.

Em 2024, o uso de plataformas digitais para emissão de notas foi facilitado, tornando a fiscalização ainda mais rigorosa.

5. Falta de controle sobre os tributos retidos na fonte

Muitos consultórios e clínicas deixam de fazer a retenção de tributos devidos, como o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre pagamentos a profissionais autônomos. Esse erro pode acarretar multas e problemas com o Fisco.

O que fazer? Implemente um controle rigoroso sobre os tributos retidos na fonte, com acompanhamento contábil especializado.

6. Falta de planejamento tributário

Não realizar um planejamento tributário adequado é um dos maiores erros. Planejar significa analisar o cenário financeiro e fiscal da clínica, buscando legalmente minimizar o pagamento de impostos. Profissionais da saúde costumam focar mais na prática clínica do que na gestão financeira, o que resulta em autuações inesperadas.

Estratégia: revise periodicamente o planejamento tributário com um advogado especializado para assegurar que sua clínica esteja sempre em conformidade.

Conclusão: A Importância de um Acompanhamento Especializado

Erros tributários podem custar caro para clínicas e consultórios. Um acompanhamento jurídico especializado é essencial para evitar autuações e garantir que todos os procedimentos estejam de acordo com a legislação vigente.

Em 2024, a Receita Federal intensificou a fiscalização sobre os profissionais da saúde, tornando a conformidade tributária uma prioridade. Contar com o apoio de um advogado tributarista experiente pode fazer toda a diferença para proteger o patrimônio do seu consultório ou clínica.

Fontes e Referências Jurídicas

1. Lei Complementar n.º 123/2006 (Simples Nacional) – Atualizada até 2024.

2. Regulamento do Imposto de Renda (RIR/2018) – Aplicável a clínicas e consultórios.

3. Decisões do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) sobre deduções fiscais e autuações.

4. Medida Provisória nº 1.171/2023 – Alterações relevantes no IRPF que podem impactar profissionais da saúde.

Júlia Lima – Advocacia Tributária 2024 ©. Todos os direitos reservados.

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